As vacinas contra covid-19 são cruciais no combate à pandemia, mas a necessidade de medicamentos que possam tratar a doença persiste.
A imunidade obtida por vacinas é muito importante, mas existe um problema sério de desigualdade de acesso aos imunizantes pelo mundo. Além disso, o surgimento de novas variantes reforça a necessidade de medicamentos, principalmente para tratar casos graves de covid-19.
Quais medicamentos estão disponíveis?
Há atualmente alguns medicamentos que ajudam a combater o vírus ou os efeitos dele e que agem sobre o corpo de diferentes maneiras:
medicamentos anti-inflamatórios para conter reações exageradas e potencialmente letais do nosso sistema imune
drogas antivirais que dificultam a replicação do coronavírus dentro do corpo
terapias de anticorpos que imitam nosso próprio sistema imunológico para atacar o vírus
Esses medicamentos são necessários em diferentes estágios da infecção e variam de muito baratos a incrivelmente caros. Alguns são mais resilientes a novas variantes que outros.
É importante destacar que até agora nenhum remédio se mostrou eficaz para prevenir infecção por coronavírus. E vários dos tratamentos disponíveis se referem a medicamentos de uso restrito a hospitais.
Drogas anti-inflamatórias
Quando você pega covid, seu corpo libera uma enxurrada de químicos para alertar que ele está sob ataque. O alerta químico é chamado de inflamação e é vital para mobilizar o sistema imune para combater a covid.
Mas se você não se livrar do vírus rapidamente, a inflamação pode sair do controle e eventualmente danificar órgãos vitais, como os pulmões. E essa inflamação excessiva pode matar. É no controle da inflamação que agem os chamados corticosteroides, recomendados pela OMS para uso em pacientes com quadro grave ou crítico de covid-19.
Um esteroide anti-inflamatório que já existia antes da pandemia, a dexametasona, foi a primeira droga aprovada para ajudar a salvar a vida de pessoas com a doença. Ela é administrada a pacientes em estado grave, com problemas respiratórios. Testes revelam que esse remédio reduz em um quinto o risco de morte para pacientes com suporte de oxigênio e em um terço para pacientes que necessitam de ventilação mecânica.
Também trata-se de uma droga tão barata que passou a ser usada em várias partes do mundo para tratar a covid-19, do Brasil à China.
Outras drogas anti-inflamatórias também demonstraram eficácia em reduzir mortes, incluindo a hidrocortisona. Há ainda drogas com efeito anti-inflamatório mais avançadas e direcionadas como a tocilizumabe e a sarilumabe. A tocilizumabe tem sido amplamente utilizada em hospitais na China, Índia e Austrália.
Em nota técnica de abril de 2021, o Ministério da Saúde diz que estudos sugerem "benefício do uso de tocilizumabe no tempo de uso de suporte respiratório em UTI e sobrevida, num contexto de intervenção rápida para pacientes graves".
Mas as drogas tocilizumabe e sarilumabe chegam a ser até 100 vezes mais caras que a dexametasona. Isso restringiu seu uso pelo mundo, embora sejam bem mais baratas que um leito de terapia intensiva.
Mais recentemente, no dia 21 de janeiro, a Organização Mudial da Saúde recomendou o uso do medicamento baricitinibe para o tratamento da covid-19.
O baricitinibe é um anti-inflamatório usado principalmente no tratamento da artrite reumatoide. Na pesquisa publicada pelo grupo de trabalho da OMS, o uso do baricitinibe é recomendado em pacientes graves, pois aumenta a probabilidade de sobrevivência às complicações que o coronavírus pode causar, além de reduzir a necessidade de ventilação mecânica.
A Anvisa já havia permitido, em outubro, o uso do baricitinibe no Brasil para tratar "pacientes adultos hospitalizados que necessitam de oxigênio por máscara ou cateter nasal, ou que necessitam de alto fluxo de oxigênio ou ventilação não invasiva." (Fonte:- Grupo Cidadão 190). Compartilhe.
Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).