O Dia do Fico completa, hoje, 199 anos. E, embora tenha ocorrido no Rio de Janeiro, muito carioca não sabe onde essa história foi escrita. Pois conte a sétima abertura do segundo piso do Paço Imperial, em sua lateral esquerda, e pronto, você terá identificado aquela que é a janela mais importante do país. Foi ali que o príncipe-regente D.Pedro assegurou ao povo a própria permanência no Brasil, apesar da pressão por sua volta a Portugal. “Se é para o bem de todos e a felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico”, a frase declarada momentos antes, marcou o dia. O contexto era conturbado. Após um notável período de desenvolvimento desde a chegada da Corte portuguesa, em 1808, o Brasil deixara de ser mera colônia e fora elevado à condição de Reino Unido ao de Portugal. O governo unificado era exercido aqui, na atual Praça 15, por D.João VI, o pai de Pedro – isso faz do nosso Paço, vejam só, o único palácio fora do Velho Mundo de onde uma nação europeia foi comandada.
Só que, depois disso, as coisas mudaram rapidamente por lá. A ameaça napoleônica cessou e, em 1820, começou a Revolução do Porto, de cunho nacionalista. As elites econômicas portuguesas, insatisfeitas com a redução drástica na remessa de riquezas de sua ex-colônia sul-americana, ameaçaram derrubar até o rei. Afinal, fora ele que implementara o livre comércio do Brasil com outras nações, quebrando o monopólio lusitano. O que os maganos queriam mesmo era volta dos laços coloniais e o fim das benesses conferidas aos brasileiros. Intimidado, D.João VI resolveu regressar para não perder o trono, não sem antes chamar o primogênito para um papo reto, como se diria dois séculos depois. Percebendo que a ruptura política era iminente e já a bordo do navio que o levaria a Lisboa, na manhã de 26 de abril de 1821, ele disse outra frase que entrou para a história: “Pedro, põe a coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro lance mão dela”.
O jovem príncipe, então com 23 anos, entendeu o recado do velho. Apoiado pelo Partido Brasileiro, formado pela aristocracia tupiniquim, Pedro se sentiu empoderado – ops, outra expressão contemporânea! –, estufou o peito e chamou a galegada para a briga. A primeira medida foi ignorar a exigência de sua volta a Portugal, anúncio feito daqui, da sétima janela do Paço, à multidão em delírio. A bem da verdade, não era bem uma janela, mas uma passagem de acesso ao palanque de onde eram feitas as solenidades e que acabou desmontada, tempos depois. Mas, foi aqui mesmo que tudo aconteceu, a 9 de janeiro de 1822. Portanto, em sua próxima passadinha pela Praça 15, conte as janelas e sinta-se parte dessa história! FONTE:- História do Brasil. Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).
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