Enildo vinha com problemas de saúde há um bom tempo. Nessa quinta-feira (06) passou mal e foi socorrido para o hospital. Infelizmente não resistiu, provavelmente, a um câncer. Enildo Alves era uma referência na Hematologia. Atuava como médico do Hospital Universitário Onofre Lopes, Professor da UFRN e com clínica privada no Hospital do Coração, em Natal. Na política teve vários mandatos como vereador.
Em sua homenagem, o ilustre advogado Sebastião Rodrigues Leite Junior (seu amigo) fez este depoimento (abaixo), enaltecendo a grandeza do extinto:
Enildo Alves, simples até no nome.
Conheci numa manhã apresentado por Inês uma das proprietárias do Manoa. Ali passamos um dia de risos largos e descobrimos ser vizinhos de praia e foi rápido pra ficarmos amigos: ele meu médico (o melhor clínico geral que já vi), eu seu advogado, foi um honra ter sua procuração até hoje amigo querido.
De origem simples, resolveu ir à luta logo cedo e foi estudar, ainda jovem, no Rio, onde fez medicina e voltou com uma vontade louca de provar que tinha dado certo e provou.
Amigos dos amigos, gostava de aglomerar (não se deu com os dias cinzas de hoje) e tinha a turma dos mais próximos: Fulvio, Gileno, Samarone, Harrinson, Armando, Cláudio, Victor, eu, Paulo Davin, Paulinho Freire (guru politicamos e conselheiro), Marcílio Carrilho e outros. Com todos eram sempre gentil, mas era pródigo com essa turma aí.
Com a família era ainda mais presente fazendo questão de acarinhar a mãe até o último suspiro. Erivan (a quem aconselhava sempre), Erivaldo (seu guru) e as irmãs a quem protegia como pai.
Tornou-se professor da UFRN e um dedicado clínico especialista em hematologia (neoplasia), foi professor de gerações e de todos os medalhões da medicina que estudaram aqui nos últimos trinta anos. Gabava-se, com razão, de ser um vocacionado e era.
Poderia ter sido rico e era qdo reunia os amigos e os regalava com uma seleção musical excelente, ótima bebida e os três pratos que sabia fazer bem e que repetia sempre e sem pudor ou preocupação para os amigos.
Da medicina pra cátedra
e desta pra vida publicado , foi sempre o mesmo: simples, direto, profundo em tudo que fazia, exaltava ter sido um grande goleiro, de ser o melhor DJ que ele próprio conhecia (não sabia bem o que era modéstia).
Na vida publica foi quem trouxe e implantou no Brasil a ideia do SAMU. qdo foi secretário de saúde de Natal, depois de passar umas semanas na França tratando da saúde um amigo comum e se encantar com o 8.
Natal, o RN e o país deve muito a você por isso, amigo querido (pai do SAMU).
Do tempo em que foi secretário de saúde “herdou” algumas ações, tendo sido absolvido em todas elas.
Lembro de uma audiência em que estava depondo e após citar algumas decisões do STF sobre seu caso e alguns doutrinadores, a juíza indagou se ele era também advogado e respondeu que não, mas que conhecia seu direito e foi absolvido ali mesmo.
Despediu-se da vida pública de forma melancólica, como acontece com todos os políticos de bem.
Mas deixou-a pela porta da frente, como se deve fazer.
Foi honrado até o último momento, deixando saudade e uma enorme vontade de reencontro.
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