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domingo, 1 de agosto de 2021

CONHEÇA A HISTÓRIA DE LUCAS TERRA:- O CASO QUE REVOLTOU O PAÍS COMPLETOU 21 ANOS E CONTINUA IMPUNE.

Por telefone, o jovem dizia à Marion que se sentia desencantado com a Europa, e que sua vontade era permanecer no Brasil. Sua maior intenção era ser obreiro da Universal, um passo acima da função que ele ocupava, de assistente de obreiro. Na prática, esse religioso atua diretamente com o pastor na organização do templo e das atividades, por exemplo.

Lucas também estava apaixonado pela namorada, que ia à mesma igreja. Ele tinha como mentor o pastor Sílvio Galiza, que comandava a unidade.

Na noite de 21 de março, o adolescente estava prestes a conquistar o seu sonho. Galiza chamou somente Lucas, que participava de um grupo, para ir de ônibus à Universal da Pituba, a quatro quilômetros da igreja em Santa Cruz, para receber a gravata de obreiro.

De acordo com o testemunho do criminoso, Lucas flagrou os pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda Macedo em ato sexual no templo. Essa foi a razão apontada por Galiza, em depoimento feito em 2008, para o assassinato do jovem.

Lucas Terra foi levado à força para outro templo da Universal, em Rio Vermelho, onde foi torturado e abusado sexualmente. Ele foi colocado dentro de um caixote e carbonizado vivo em um terreno baldio na Avenida Vasco da Gama, em Salvador. Testemunhas disseram à época que Galiza mantinha uma relação de dominação sobre o jovem.

O corpo do adolescente de 14 anos só foi encontrado em 23 de março, enquanto seu pai, Carlos, procurava seu paradeiro sem comunicar a esposa. Marion só soube do assassinato do filho caçula duas semanas depois, e retornou ao Brasil no início de abril.

Ao desembarcar no país, a mãe de Lucas Terra esperou 43 dias para enterrar o corpo do filho, após o Instituto Médico Legal (IML) realizar o exame de DNA. A família Terra passou a enfrentar demora no andamento do inquérito, que foi concluído em outubro de 2001.

Carlos Terra protestava nas ruas, na porta do Fórum Ruy Barbosa e participava de palestras para relatar o caso. O casal enviou uma carta à Organização das Nações Unidas (ONU) para questionar a demora no processo e como Galiza, que morava na periferia, pagava um time de advogados. A pressão resultou no primeiro julgamento do pastor, em junho de 2004.

Foi mais ou menos nessa época que começaram as ameaças. “Eu recebia ligações de pessoas dizendo para eu parar de denunciar a igreja, que era para eu me preocupar com os meus filhos, que estávamos manchando a imagem da Universal. Tentaram de todas as formas nos intimidar”, afirma Marion Terra.

Nessa época, a família de Marion mudava de casa praticamente todo mês, para se proteger de outras possíveis tentativas de intimidação. Ela afirma que a Igreja Universal do Reino de Deus tem atuado para impedir a condenação dos três pastores. O Metrópoles entrou em contato com a Universal, que não respondeu ao pedido de declaração até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

Galiza foi condenado inicialmente a 23 anos e cinco meses de prisão. Após recurso dos advogados, a pena caiu para 18 anos e, posteriormente, 15 anos. O pastor foi acusado por homicídio qualificado com motivo torpe e ocultação de cadáver. Ele cumpriu sete anos e segue atualmente em liberdade condicional.

Fonte: Metrópoles.                                                                               
Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).

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