O Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado no último dia 29 de agosto, tem como função alertar e mobilizar a população para os danos causados pelo uso do tabaco. Uma pesquisa recente realizada pela Fiocruz aponta que 34% dos fumantes brasileiros admitiram ter aumentado o número de cigarros fumados durante a pandemia. E de acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o hábito de fumar se tornou também um fator de risco para quem se contamina com a covid-19, já que o tabaco causa diferentes tipos de inflamação no organismo, prejudicando os mecanismos de defesa.
O farmacêutico Pablo Tavares Coimbra destaca que a dependência de nicotina, substância encontrada no tabaco, aumenta o risco do indivíduo em contrair doenças crônicas, podendo causar quadros de invalidez ou morte. Além disso, as seis doenças mais associadas ao tabaco são o câncer de pulmão, que é o segundo tipo de câncer que mais mata tanto homens quanto mulheres no Brasil conforme informações do Inca; AVC (Acidente Vascular Cerebral); diabetes mellitus ou Tipo 2; DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica); infarto do miocárdio e úlceras gástricas.
Mas mesmo diante de tantos contras ao uso de nicotina, por que é tão difícil parar de fumar? Segundo o Inca, a nicotina é encontrada em todos os seus derivados, como narguilé, charuto, cigarro, cigarro de palha, cachimbo ente outros, e é considerada uma droga que causa dependência por ser uma substância psicoativa.
"Ao ser inalada, a nicotina leva a alterações no Sistema Nervoso Central modificando o estado comportamental e emocional dos indivíduos, da mesma forma que ocorre com o consumo de drogas de abuso, como álcool, cocaína e heroína", explica o farmacêutico que também é professor das graduações de Farmácia e Biomedicina da Estácio.
A dificuldade do fumante em abandonar o vício, segundo Pablo, está associada ao quadro de dependência gerado pela nicotina e a liberação de neurotransmissores no cérebro que são responsáveis por sensações de prazer e bem-estar, explicando as boas sensações geradas quando se fuma.
"Com a inalação contínua da nicotina, o cérebro se adapta e passa a precisar de doses cada vez maiores para manter o mesmo nível de satisfação e bem-estar que tinha no início. Esse efeito é chamado de tolerância à droga. Com o passar do tempo, o fumante passa a ter necessidade de consumir cada vez mais cigarros. Com a dependência, cresce também o risco de se contrair doenças crônicas. Parar de fumar não é fácil. Sendo necessário a atuação de um tratamento médico eficiente, apoio psicoterápico e muita força de vontade. A dependência em nicotina é uma doença, portanto o apoio profissional especializado é fundamental", aconselha.
Em quanto tempo o organismo de um ex-fumante fica limpo?
O professor a Estácio explica que os efeitos do tabagismo são persistentes e ficam presentes no corpo por um longo período, mas afirma que os risco à saúde diminuem de acordo com o tempo sem o cigarro.
Confira como o corpo humano reage quando alguém para de fumar:
Depois de 20 minutos: os batimentos cardíacos e a pressão arterial se normalizam;.
12 horas: o nível de monóxido de carbono alcança parâmetros saudáveis;.
48 horas: a nicotina é eliminada, melhorando o olfato e o paladar;.
72 horas: melhora a capacidade respiratória;.
2 a 12 semanas: a circulação sanguínea e a função pulmonar melhoram bastante;.
1 a 9 meses: a tosse e a dificuldade de respiração, típica dos fumantes, se tornam raras;.
1 ano: o risco de doença cardiovascular cai pela metade;.
5 anos: a chance de um acidente vascular cerebral fica próxima à de uma pessoa não fumante;.
10 anos: cai para 50% o risco de desenvolver câncer de pulmão;.
15 anos: o risco de câncer para o ex-fumante se iguala ao de quem nunca fumou.
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