O número de pessoas que tiraram a própria vida ao longo de 2020 no Rio Grande do Norte aumentou 11,06% em comparação com o ano anterior. Em números absolutos, cujo levantamento foi feito pelo Instituto Santos Dumont (ISD) junto ao Observatório da Violência do Rio Grande do Norte (OBVIO/RN), foram 226 lesões autoprovocadas em 2019 contra 251 em 2020. A preceptora multiprofissional em Psicologia do ISD, Carla Glenda Silva, analisa os números e chama atenção para o número crescente de crianças e adolescentes com pensamentos e ideação suicidas.
“Se nós pensarmos nas faixas etárias, devemos levar em consideração o momento da vida de cada uma dessas pessoas. A criança também tem depressão, assim como ocorre com adolescentes e adultos”, afirma Carla Glenda Silva.
A preceptora multiprofissional, que atua no acolhimento de pacientes no Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi (Anita), em Macaíba, ressalta que é preciso estar atento às mudanças de humor. "É preciso estarmos atentos ao estado de humor das pessoas. A depressão é um dos fatores que favorece as ideações suicidas, à intenção em acabar com a própria vida ou mesmo o ato definitivo de levar a cabo aquilo que está se planejando", ressalta Carla Glenda Silva. Conforme dados do Ministério da Saúde, a depressão é a principal causa dos suicídios em todo o Brasil. Em segundo lugar está o transtorno bipolar e, em seguida, o uso de substâncias.
Levantar causas específicas para explicar o aumento das taxas de suicídio no Brasil é um complexo trabalho, diante da sensibilidade e individualidade de cada conduta. Entretanto, para o pesquisador integrante do OBVIO/RN, Ramiro Vasconcelos, a pandemia e as redes sociais podem ter ligação direta com a elevação dos casos em 2020. Recentemente, o adolescente Lucas Santos, de 16 anos, ceifou a própria vida após ser vítima de perseguição nas redes sociais em razão da postagem de um vídeo.
“Em linhas gerais, por assim dizer, eu colocaria a pandemia, redes sociais (e derivados na Internet) e ambiente acadêmico. Daí no tocante à pandemia, envolve fatores também econômicos em que diversas pessoas perderam empregos. Gerando assim, fragilidade. Quando se convive em um momento de incertezas, pessoas mais suscetíveis e frágeis tendem a entrar em um processo depressivo. É um efeito bola de neve. A pandemia, em específico, desencadeou grandes transtornos sociais, econômicos e culturais. Imagina que de uma hora para outra temos que ficar trancafiados muitas vezes dentro de casa, percebendo o mundo num caos?”, frisa o pesquisador Ramiro Vasconcelos.
Números
Analisando os números levantados pelo Instituto Santos Dumont junto ao OBVIO/RN, a maioria das vítimas da lesão autoprovocada no Rio Grande do Norte são homens. Em todo o ano passado, 199 homens cometeram suicídio no Estado (há registros em quase todos os municipios potiguares). A vítima mais idosa tinha 102 anos e a mais nova, 14. No mesmo período, foram registrados 52 suicídios entre mulheres (aumento de 57,57% em relação ao ano anterior). A vítima mais idosa tinha 84 anos e a mais nova, 15. Em 2019, o total de homens que tiraram a própria vida no Rio Grande do Norte foi de 193. O quantitativo de mulheres foi de 33.
Conforme dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), são registrados mais de 13 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em mais de 98% dos casos, o suicídio foi causado por transtornos mentais não tratados corretamente ou não identificados/acompanhados.
"Precisamos orientar e conscientizar a sociedade sobre a prevenção do suicídio, por isso, neste mês de setembro, nós concentramos os nossos esforços na prevenção efetiva. A morte por esta causa é uma emergência médica e pode ser evitada através do tratamento adequado do transtorno mental de base", afirma o presidente da ABP, Dr. Antônio Geraldo da Silva. FONTE:- OBVIO/RN. ASCOM/ISD
Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).
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