O Brasil teve uma queda de 4,7% nos assassinatos nos primeiros nove meses deste ano na comparação com o mesmo período de 2020. É o que mostra o índice nacional de homicídios criado pelo g1, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.
Apesar disso, uma reversão na curva nos últimos dois meses acende um alerta, segundo especialistas. Tanto em agosto como em setembro o número de crimes foi maior que no ano passado. E, com isso, mais de 1/3 dos estados registra um aumento nos assassinatos em 2021.
De janeiro a setembro deste ano, foram registradas 30.954 mortes violentas, contra 32.471nos mesmos meses de 2020. Ou seja, 1.517 a menos. Estão contabilizadas no número as vítimas de homicídios dolosos (incluindo os feminicídios), latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.
No ano passado, o país teve uma alta nos assassinatos após dois anos consecutivos de queda.
Os dados apontam que:
houve 30.954 assassinatos nos primeiros nove meses deste ano, 1.517 mortes a menos que no mesmo período de 2020;.
10 estados registraram uma alta nas mortes;.
o Acre teve a maior queda: -29,7%
o Amazonas registrou o maior aumento nos crimes: 38,6%
O levantamento, que compila os dados mês a mês, faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do g1 com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Alerta aceso
Para os especialistas do NEV-USP e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os dados recentes acendem um alerta aos governantes.
A diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno, afirma que três elementos precisam ser considerados na análise dos dados de assassinatos nos nove primeiros meses de 2021:
"a redução que vinha se verificando nos seis primeiros meses do ano perde força no último trimestre, o que indica reversão dos resultados positivos em algumas UFs"
"o estado do Ceará, que sofreu com o motim da PM em 2020, também apresenta reversão da tendência positiva, com crescimento dos homicídios em agosto e setembro, cenário bastante preocupante"
"as maiores altas nos assassinatos ocorrem em estados da região Norte"
"O FBSP alertou, em publicação recente, que em 2020 já se verificava crescimento dos homicídios em áreas rurais e de floresta, com taxas muito acima da média nacional. Se a região é hoje objeto de disputas de diferentes grupos criminosos organizados envolvidos no narcotráfico, crimes ambientais e disputas fundiárias, também tem motivado a alta da violência na região", diz
Bruno Paes Manso, do NEV-USP, reforça que os dados mostram um crescimento da violência mais fortemente localizado nos estados que fazem parte da Amazônia Legal.
“Seis entre os dez estados que registraram aumento de homicídios no período fazem parte dessa região. Três estados lideram o ranking entre os que mais cresceram. São eles: Amazonas (38,6%), Roraima (18,6%) e Amapá (17,8%). Também registraram alta Maranhão, Pará e Tocantins."
"Esse quadro exige atenção das autoridades. Será que a fragilização dos órgãos de fiscalização ambiental na Amazônia tem estimulado o aumento dos conflitos? Grupos armados ligados a atividades ilegais podem ser os responsáveis pelo crescimento dos conflitos na região?”, questiona.
“O levantamento contínuo feito pelo Monitor, mais do que apontar tendências de médio e longo prazo, ajuda os governos e a sociedade civil a identificar problemas localizados, que podem estar relacionados a questões pontuais e que pedem intervenções rápidas. Parte do problema, pelo que indicam os dados do Monitor, está fortemente localizada nos estados da Amazônia Legal”, diz Bruno Paes Manso. (GRUPO CIDADÃO 190). Compartilhe.
Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).
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