Destinado ao financiamento da graduação de estudantes que não têm condições de pagar as mensalidades das faculdades da rede de ensino privado, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) acumula uma taxa de inadimplência maior do que a de beneficiários em dia com os pagamentos no Rio Grande do Norte. O número de inadimplentes era de 1.226 estudantes em 2016 e passou para 17.969 este ano no RN. O aumento foi de 1.365% . Além disso, o número de novos contratos no primeiro semestre de 2021 é o mais baixo dos últimos cinco anos, com uma queda de 93,9%.
De acordo dados informações obtidas pela TRIBUNA DO NORTE, por meio da Lei de Acesso à Informação, o estado tem hoje 17.969 estudantes inadimplentes com o Fies, contra 15.449 em dia com os pagamentos. A quantidade dos débitos supera a da regularidade dos pagamentos em quase todos os estados, com exceção do Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
Os problemas também aparecem nos contratos. A diferença de novos contratos caiu drasticamente de 2.486 firmados no primeiro semestre de 2016 para apenas 150 no semestre do ano atual, numa diferença de 93,9%, sendo o menor número de contratos firmados nos últimos cinco anos.
O Programa financia os estudos do beneficiário para que ele comece a pagar após a formatura. Após 90 dias de atraso, passam a ser considerados inadimplentes. Contudo, é nesse momento que surge a dor de cabeça se o recém-formado ainda não tiver ingressado no mercado de trabalho. Com a taxa de desemprego no Rio Grande do Norte acima dos 15%, segundo dados do IBGE, muitos recém-formados não têm os recursos para quitar o financiamento.
Joathan Alves, 32, passa por isso. Ele ingressou numa faculdade privada em 2014 quando conseguiu o financiamento. Com o diploma de licenciatura em história desde 2018, tem enfrentado dificuldades para manter os pagamentos em dia, que devem se estender até 2032. “Vi no Fies a oportunidade para realizar o que queria, então decidi financiar pensando que conseguiria um emprego na área logo que concluísse o curso. Ao terminar o curso, acabei ficando desempregado e, mesmo assim, durante o ano e meio de carência após a conclusão, eu continuei pagando o valor da trimestralidade que era limitado a R$ 50. Quando começou a mensalidade, em junho de 2019, continuava sem trabalhar e não consegui quitar o valor que era cobrado”, conta o jovem.
Ele só conseguiu retomar os pagamentos após um ano e meio, mas precisaria pagar um valor mínimo de R$ 1.000 para conseguir renegociar o restante do débito. “Porém, por continuar desempregado, acabei atrasando novamente e desde fevereiro estou sem pagar. Há pouco mais de 2 meses voltei a trabalhar, não na minha área, e tenho buscado juntar o necessário para quitar o valor que acabou acumulando novamente”, explica.
Até hoje, Joathan não trabalha na área de formação. Para ele, o problema está na falta de emprego para o recém-formado. “Na época que fiz dava-se uma certa estrutura para conseguir pagar. Eu tinha até um ano e meio pra conseguir trabalho na área, o problema foi a falta de emprego na área mesmo”, frisou
Nenhum comentário:
Postar um comentário