A jornalista e colunista de política Cristiana Lôbo morreu nesta quinta-feira (11), em decorrência de um mieloma múltiplo, do qual se tratava havia alguns anos, agravado por uma pneumonia contraída nos últimos dias. Ela tinha 64 anos e estava internada no hospital Albert Einstein, em São Paulo.
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Cristiana atuou no jornalismo por mais de 30 anos. Começou a carreira cobrindo a política do estado de Goiás, onde nasceu, até se mudar para Brasília.
Contratada pelo jornal "O Globo", foi setorista do Ministério da Saúde – época em que viu ser criada a carteira de vacinação, que ajudou a diminuir a mortalidade infantil no país. Acompanhou de perto também as decisões do Ministério da Educação.
Ainda no "Globo", trabalhou na coluna Panorama Político.
Depois de 13 anos no jornal, assumiu a coluna política do jornal o "Estado de S. Paulo".
A estreia na televisão foi na GloboNews, em março de 1997.
Naquele mês, passou a integrar o time de comentaristas do Jornal das Dez – analisando os principais fatos da política e os bastidores do poder. E marcou presença nos telejornais da casa.
O diretor-geral de Jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, divulgou uma nota em que lembrou a parceria profissional com Cristiana Lôbo. " Pude sempre reconhecer nela um ser humano doce, gentil, amigo das pessoas."
"Cris era uma profissional ímpar. Eu comecei a trabalhar com ela em 1991, em Brasília, quando dirigi a sucursal do Globo. Nesses 30 anos, Cris sempre se mostrou uma profissional exemplar, correta, zelosa, ansiosa pela notícia em primeira mão. Pude sempre reconhecer nela um ser humano doce, gentil, amigo das pessoas. O jornalismo perde um talento enorme. Pelos depoimentos que ouvi, porém, a generosidade dela ajudou a deixar incontáveis discípulas e discípulos. É um grande legado", afirmou Kamel.
O também comentarista da GloboNews, Merval Pereira, amigo de Cristiana Lôbo, recordou que ela gostava do dia a dia no Congresso e que ela via o Legislativo, com seus defeitos e qualidades, como essencial para o futuro do país.
"Gostava das intrigas do Congresso. Aprendeu cedo a entender o que era notícia, o que era boato; o que era manipulação, o que era informação. Nunca perdeu visão irônica da atividade política, embora entendesse que o Congresso, com seus defeitos e qualidade, moldava nosso futuro", escreveu Merval.
"Tinha parâmetros rigorosos para avaliar a atuação parlamentar. Ultimamente, antes de adoecer, tinha visão cética da política, mas ao mesmo tempo era pragmática para aceitar o material humano que tinha para trabalhar, com um senso de humor característico. Vai fazer falta", completou.
Memória.
Ao site Memória Globo, Cristiana relembrou momentos marcantes de sua carreira.
Um dos períodos mais intensos citados por ela foi a cobertura da campanha Diretas Já, em 1984, que pedia a reabertura democrática no país, depois de duas décadas de ditadura militar.
“Naquele tempo, não existia celular, nem internet, a única coisa que havia era um telefone que você apertava e a redação ouvia. Eles pediam 15 linhas, e a gente tinha de fazer o retrato daquele momento”, recordou Cristiana.
A jornalista cobriu momentos decisivos da história do país nas últimas quatro décadas. Depois das Diretas, veio o governo do ex-presidente José Sarney. Cristiana lembra que foi um período de muito trabalho.
“No dia em que foi editado o Plano Cruzado, de reforma da economia, eu tinha voltado da minha licença-maternidade. Saí de casa às 7h, voltei às 23h. Cheguei a ter febre. E nesse dia o bebê não mamou”, contou ao Memória Globo.
Ela se destacou também na cobertura da passagem de governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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