Uma pesquisa do Núcleo de Estudos em Farmacoterapia (NEF) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), divulgada nesta sexta-feira (26), relaciona a escabiose (sarna humana) ao uso indiscriminado de ivermectina. Segundo os pesquisadores, esse estudo pode ajudar na investigação do surto registrado em Pernambuco.
Até esta quarta-feira (24), foram notificados ao menos 413 casos em três cidades de Pernambuco . As lesões na pele provocam coceira. O surto ainda não tem causa definida e as autoridades de saúde pernambucanas conduzidas investigando.
Os pesquisadores do Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF), Alfredo Oliveira-Filho e Sabrina Neves, e os estudantes Lucas Bezerra e Natália Alves, se basearam na pesquisa de casos de resistência à ivermectina já relatados, surtos solicitados e os dados de aumento de consumo do medicamento por causa da pandemia de Covid-19. O artigo foi publicado no mês de agosto.
“O nosso artigo lança a hipótese de que poderíamos ter problemas com surtos de escabiose resistente, por conta do uso irracional da ivermectina. O surto está configurado, pois está havendo um aumento rápido de casos de pele com coceira e outros sintomas ”, explicado Sabrina
São determinados testes e o descarte de outras hipóteses sobre o que está acontecendo em Pernambuco para então confirmar as questões levantadas no artigo.
Os pacientes se queixam de uma coceira forte, intensificada no período da noite, e que evolui para feridas, mesmo com o uso de antialérgicos. A vigilância epidemiológica emite um alerta com os sintomas para os serviços de saúde, assim todos devem notificar o atendimento a pacientes com os sintomas da doença.
“A hipótese do artigo é que é possível que o Sarcoptes scabiei, ácaro causador da escabiose pode ter resistência à ivermectina.
Se essa hipótese se confirmar, temos um problema enorme, pois a doença poderia atingir qualquer população, e o que é pior, com dificuldade de tratamento ”, avaliou Sabrina.
Com a pandemia da Covid, o consumo do medicamento, que é um antiparasitário, aumentou quase 10 vezes no Brasil. Mesmo com publicações do Ministério da Saúde e da indústria farmacêutica, somados a evidências científicas, a prescrição e automedicação baseada no medicamento continuaram a acontecer.
“O uso irracional de medicamentos é um problema de saúde pública, porém, no caso de antibióticos, antiparasitários e antifúngicos, esse problema ganha proporções maiores.
Quando utilizamos de forma irracional / incorreta medicamentos, como a ivermectina, corremos o risco de induzir a resistência ao medicamento que deveria tratar a doença causada por ele ”, reforça a professora. (GRUPO CIDADÃO 190). Compartilhe.
Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).
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