Das tantas histórias de pescador que Manoel Freire, de 57 anos, já contou, a que ele viveu no último fim de semana, está entre as mais importantes e será lembrada por muito tempo.
O pescador saiu de casa, na cidade de Areia Branca, região da Costa Branca potiguar, no último domingo (28), por volta das 21h, para pescar. Mas a embarcação a motor virou em alto-mar. O homem ficou por cerca de 34 horas no mar até chegar em uma praia e pedir ajuda.
Segundo o filho de Manoel, Nicássio Souza, a família aguardava o retorno do pescador na segunda-feira (29) pela manhã. Preocupados com a demora, os parentes acionaram as autoridades.
“Tentamos falar com a capitania, mas disseram que tinha que esperar 24h. Sabendo que ele estava no mar, à deriva, não ia esperar 24 horas. Então a gente fretou uma balsa, conseguimos atravessar para Grossos, mas não tivemos sucesso. Eu sabia que a probabilidade de encontrar ele vivo era muito pequena”, contou o filho.
O pescador explicou que a embarcação ficou sem combustível e parou de funcionar. Ele resolveu esperar o socorro, mas disse que os ventos estavam muito fortes e o barco acabou virando.
Manoel conseguiu boiar em uma peça que se desprendeu do barco, chamada de quilha, que vai da proa à popa e fica na parte inferior da embarcação. Ele contou que sentiu medo e no desespero pensou até em pular e sair nadando.
“Eu ainda fiquei em cima dela a noite todinha. Eu ainda quis pular, mas eu lembrei que tenho um problema e poderia dar câimbra em mim. E eu me pegava muito com Deus, orando. Sei que, graças a Deus, deu tudo certo! Estou aqui vivo, contando a história”, disse Manoel.
Boiando, ele conseguiu chegar até a praia de Gado Bravo, no município de Tibau, por volta das 5h da terça-feira (30). Ele pediu ajuda e conseguiu voltar pra casa.
O pescador chegou em casa por volta das 7h desta terça-feira (30). Chorando, ele se abraçou com a esposa.
Sem saber que o pai já havia sido encontrado, Nicassio continuou com as buscas e se deparou com a embarcação do pai virada em alto-mar. Pouco depois recebeu a ligação da mãe dando a boa notícia.
“As coisas dele ao redor (do barco). É uma situação que você se depara e não quer acreditar. A gente desvirou a embarcação, tirou a água de dentro e eu vim rebocando ela, era vindo e chorando. Feliz, mas sabendo que a chance de meu pai ter morrido era muito grande, eu já estava com a certeza que ele tinha morrido”, contou o filho.
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