Os dados após o período de latência do coronavírus mostram o impacto negativo do Carnatal de 2021 na evolução da covid-19 no Rio Grande do Norte. Quem atesta é o professor do Departamento de Física da UFRN José Dias do Nascimento Júnior, que também é responsável pelos gráficos e projeções relacionadas à pandemia no Comitê Científico do Nordeste. A análise é feita com base nos dados apurados pelo método Mosaic-UFRN.
O Carnaval fora de época foi realizado entre os dias 9 e 12 de dezembro, na Arena das Dunas, reunindo cerca de 15 mil pessoas por dia. A organização exigia passaporte da vacina, mas vídeos e fotos do evento mostram que nem o uso das máscaras nem o distanciamento social foram respeitados.
O “retrocesso” dos índices relativos ao comportamento da doença no estado está expresso na explicação publicada pelo pesquisador: “Percebemos que o Carnatal 2021 modificou a tendência de queda que fora observada de forma consistente no início do mês de dezembro de 2021, e contribuiu no sentido de prejudicar a capacidade de atendimento nas urgências”, disse ao destacar que estudos mostram que existe uma latência média de 14,5 dias, do início dos sintomas até intubação na primeira versão da doença. Quinze dias após o fim da festa, contaminação e solicitações de leitos covid voltaram a crescer. Em 20 novembro eram 22 solicitações diárias. Em 31 de dezembro, as solicitações foram para 32 na média móvel.
“Junte-se a isso uma mistura de variantes, atraso nos testes, apagão de dados e vacinação e a questão se torna bem complexa. Publicamos antes do Carnatal nosso posicionamento, onde mostramos que insistir na festa traria resultados negativos, e aqui temos a confirmação das nossas suspeitas”, completou. José Dias insiste que é evidente que, por se tratar de uma doença de contágio respiratório (pessoa — pessoa), essa transmissão seria mais intensa com o aumento da aglomeração de pessoas.
“A capacidade de produzir novas variantes com maior transmissibilidade, ocorrência de imunidade não duradoura representam fatores propulsores na transmissão. Acontece agora, o previsto. O vírus SARS CoV-2 mudou sua evolução de incidência e isto já impactou na hospitalização, (demanda solicitações de leito de UTI) a consequência será refletida no número de mortes”, destacou.
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