Nos últimos três anos, por causa de uma iniciativa do governo do presidente Jair Bolsonaro, a quantidade de licenças para usar armas no Brasil cresceu 325%.
Só quando a polícia prender os assaltantes poderá descobrir a origem da arma que matou o turista Luigi Giacomazzi, no Guarujá, no litoral paulista. Um deles disparou dois tiros quando Luigi tentava escapar do assalto.
A quantidade de armas em circulação aumentou depois que as autoridades facilitaram o acesso a elas. O país já atingiu a marca de mais de 1,85 milhão CACs – como são conhecidos os colecionadores, atiradores esportivos e caçadores.
Eles têm uma licença especial para compra de armas. O levantamento é dos institutos Sou da Paz, de São Paulo, e Igarapé, do Rio de Janeiro.
A lei em vigor permite que os atiradores comprem até 60 armas, sendo que 30 de uso restrito, como fuzis. Além da compra anual de até 180 mil balas.
Os caçadores podem comprar até 30 armas, 15 delas de uso restrito e até seis mil balas.
Já para os colecionadores a lei não impõe um limite. Diz apenas que eles podem comprar até cinco peças de cada modelo de arma, e também seis mil balas.
Segundo a diretora do Instituto Sou da Paz, a maior circulação de armas tem relação direta com o aumento da violência.
“As mulheres têm sido proporcionalmente mais mortas dentro de casa por arma de fogo. O que indica que essa arma em casa ela não garante a proteção da família, e existe um impacto de abastecimento do crime. Então é real que parte importante das armas do crime migraram do mercado legal para o ilegal”, afirma Carolina Ricardo, diretora do Instituto Sou da Paz.
O desvio de armas compradas legalmente para o mundo do crime já foi comprovado em duas operações. No Rio de Janeiro, a polícia e o Ministério Público apreenderam 55 armas, entre elas 26 fuzis, comprados pelo colecionador Vitor Furtado Lopes. Segundo a investigação, ele vendia as armas que comprava para uma facção criminosa.
Em São Paulo, em 2021, dois homens foram investigados porque ameaçavam um desafeto com tiros de fuzil.
Segundo a polícia, um deles, Vanderson Oliveira Cardoso, comprou 23 armas com registro de atirador esportivo.
O comprador desses fuzis hoje é foragido da Justiça. Em 2021, ele recebeu outros nove que a polícia acredita terem sido vendidos para criminosos. Identificar e apreender armas adquiridas por atiradores e colecionadores pode ficar ainda mais difícil. Na próxima semana, o Senado volta a discutir um projeto que libera o limite de compra de armas, e retira a obrigatoriedade de armas e munições serem rastreáveis.
A diretora do Instituto Igarapé diz que as autoridades conseguem fiscalizar menos de 3% das armas em circulação. E que o melhor caminho seria restringir e não facilitar o acesso.
"Está longe de ser a prioridade do Brasil nesse momento. A gente tem muitos problemas e facilitar o acesso a armas e reduzir a capacidade de controle, consolidando todo o desmonte da política de controle de armas que foi promovida pelo governo federal agora colocada isso em lei, é um risco enorme para toda a sociedade brasileira, e eu espero que o Senado não vá nesse caminho. A gente precisa de mais segurança, e não de menos segurança”, argumenta Melina Risso, diretora do Instituto Igarapé. Fonte:- Grupo Cidadão 190. Compartilhe.
Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).
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