Um golpe utilizando um visor propositalmente danificado em maquininhas de cartão de crédito vem fazendo cada vez mais vítimas. Desavisadas, elas passam a senha ou confirmam compras por conseguirem verificar apenas os últimos quatro números que compõem o valor da compra.
Em um dos casos noticiados pelo UOL, um arquiteto acionou a polícia após pagar R$ 4.968,52 em um jantar pedido pelo iFood que custava R$ 68,52; em outro, uma mulher pagou R$ 2.010,45 em uma corrida solicitava via aplicativo 99 de R$ 10,45.
Ambos afirmaram que chegaram a checar o valor presente na máquina, mas não conseguiram verificar os dígitos correspondentes às centenas e milhares. A dificuldade não é por acaso, mas há como evitar ser vítima desse golpe.
Priorizar pagamentos no app e desconfiar de "taxas extra"
O advogado do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Igor Marchetti, explica que priorizar as transações financeiras utilizando os aplicativos é a melhor forma de evitar cair em golpes do tipo.
"É importante evitar esse tipo de contato direto para pagamento, porque ele vulnerabiliza a relação. É mais fácil você questionar a empresa e buscar a responsabilização quando você está fazendo transações dentro na plataforma", explica.
Ele recorda que também é importante desconfiar de taxas extras cobradas "por fora" do serviço combinado, questionando ao próprio aplicativo sobre a veracidade daquela "mudança" antes de fazer qualquer pagamento.
Algumas empresas, como o iFood, reforçam que todos os serviços com pagamento online não aplicam taxas por fora. "Esse tipo de cobrança já é duvidosa e possivelmente um golpe", explica o advogado.
Conferir condições da maquineta
Caso o serviço ou produto não tenha sido adquirido mediante aplicativo, o usuário precisa verificar atentamente as condições da maquineta do cartão, se recusando a fazer pagamentos caso o visor dela esteja quebrado ou com algum defeito.
É bom tomar certos cuidados, como olhar se o visor está de fato mostrando o que é necessário; se quando você digita a senha ela aparece em asteriscos ou se os números ficam visíveis -- porque se eles estão visíveis isso já é um indício de que a senha pode estar [sendo] clonada.Igor Marchetti, advogado do Idec
Ele também lembra da importância de não compartilhar qualquer código de segurança dos cartões fora dos aplicativos. Os dados são sigilosos e podem ser usados de forma maliciosa por estelionatários.
Como agir se for vítima de golpe?
Apesar de novo, o golpe da maquininha se enquadra em um artigo antigo do Código Penal: o 171, que qualifica o estelionato, crime que ocorre quando alguém obtém "para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro".
A primeira medida a ser tomada pelo consumidor lesado pelo crime é acionar a instituição financeira para bloquear a transação e reaver o dinheiro perdido. "Quando a operação feita não é de crédito, mas de débito, que o valor sai imediatamente da conta, é mais complicado reaver o valor", explica o advogado Diogo Alencar, especialista em legislação penal empresarial.
A pena aplicada para quem for pego pelo crime varia de um a cinco anos de reclusão com pagamento de multa. Por isso, Alencar ressalta a necessidade de registrar um boletim de ocorrência.
"Hoje em dia é possível fazer o registro de ocorrência até mesmo no formato virtual, mas em delegacias especializadas em crimes contra o consumidor é possível encontrar policiais cientes de todas as fraudes que estão 'no mercado", explica.
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