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domingo, 6 de março de 2022

A HISTÓRIA DA CAMPANHA VITORIOSA DE GERALDO MELO PARA GOVERNADOR EM 1986; VEJA.

O Rio Grande do Norte se despede neste domingo, 06 de março de 2022, do ex-governador, ex-vice governador, ex-senador, ex-secretário de estado e empresário Geraldo Melo, falecido aos 86 anos em sua casa, na capital do estado. 
Em memória ao grande homem público, o Blog do Gilvan Leite vem homenagear Geraldo Melo, contando a história da campanha acirrada e vitoriosa que o levou ao governo do estado, replicando um irretocável texto do nobre jornalista "Rubens Lemos Filho", uma verdadeira página para ficar para sempre na história:-   
Neste 15 de março de 2.022, faz 35 anos da posse do governador Geraldo Melo no Rio Grande do Norte. Eleito pelo PMDB em 1986, de virada, com maioria de 14.072 votos (0,5%) sobre o Deputado Federal do PFL, João Faustino (falecido), desmantelou um ciclo de 12 anos de poder (Tarcísio Maia, Lavoisier Maia e José Agripino), protagonizando uma das mais acirradas campanhas eleitorais da história.   
Geraldo Melo, a exemplo do seu correligionário Aluízio Alves, revertia os ataques adversários transformando-os em marketing positivo. Pequenino, foi chamado de Tamborete de forma jocosa. Passou a fazer discursos em cima de tamboretes que viraram acessórios dos seus eleitores, pendurados em janelas, expostos em calçadas, colados em roupas, quando feitos em miniaturas.                                                                                                              Inovar e surpreender marcaram a trajetória de Geraldo Melo candidato. Seis meses antes da eleição, convocou uma imprensa aturdida e afável ao poder vigente para comunicar que aceitava o resultado do Ibope, apontando -lhe fragorosa derrota naquele momento. Mas que exigia igual comportamento dos seus oponentes e venceria a eleição. Viraria o jogo.                                   
A diferença que separava os 30 pontos, foi caindo ao som das melodias contagiantes do Tamborete. "Sopre o vento, deixe esse vento soprar, esse vento trás Geraldo e a nossa sorte vai mudar". O Catavento (hoje cata-vento com reforma ortográfica exdrúxula), símbolo de novos tempos, incorporava-se ao ritual político potiguar. 
Orador brilhante, conhecedor profundo da economia do Estado, desde os tempos de jovem auxiliar de Aluizio Alves no Governo do Estado, Geraldo Melo incorporou o sentimento oposicionista e cativou o eleitor, coligado apenas com PCB e PC do B, saídos da clandestinidade um ano antes, contra uma máquina de mais de 130 prefeitos e a força do ex-governador José Agripino, no auge de sua liderança. Em 1986, Agripino seria eleito senador pela primeira vez. A segunda vaga ficou com Lavoisier Maia. 
A última pesquisa Ibope, dia 14 de novembro, véspera da eleição, apontava João Faustino com 48% e Geraldo Melo com 47%. Empate técnico rigoroso. A apuração começou com João Faustino liderando nos pequenos municípios. Manual, a contagem mobilizou os dois lados, tensos e apostando em cada candidato.     
No quarto dia, uma sexta-feira, Geraldo Melo ultrapassava João Faustino e impunha os 14.072 votos que o tornaram o primeiro governador de um partido de oposição desde Aluizio Alves em 1960, pois o Monsenhor Walfredo Gurgel sucedeu seu aliado Aluízio em 1965. O povo foi às ruas, Geraldo discursou nas escadas da Tribuna do Norte/Rádio Cabugi e a passeata se estendeu aí amanhecer de um domingo ensolarado de democracia. Em Mossoró a chegada do governador eleito na manhã do domingo foi apoteótica. Uma multidão nunca vista foi receber Gerador Melo no Aeroporto Dix-Sept Rosado, que chegou pilotando seu próprio avião, saindo pelas ruas da cidade em passeata numa linda festa democrática.   
Seu governo empregou feroz política de segurança pública equipando a polícia e criando tropas de operações especiais, liquidou ou prendeu quadrilhas vindas do Rio de Janeiro, duplicou a Ponte de Igapó, construiu hospitais regionais, ativou o programa do leite, o programa do peixe para o povo e investiu alto na eletrificação rural dentre outras obras. Travou embates com sindicatos, em especial com o dos professores. Relembrar sua posse três décadas e meia passadas, é dever histórico. E jornalismo se faz com memória.                                                                                           Compartilhe.
Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).

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