Em 2015, a Petrobras aprovou o seu plano de desinvestimentos. Naquela época, a estatal dominava os campos de petróleo do Rio Grande do Norte e o Estado produzia cerca de 64 mil barris de óleo equivalente diariamente (boe/d), que considera petróleo e gás juntos. Após o começo dos desinvestimentos, a petroleira vivenciou uma queda vertiginosa na produção. No período áureo da extração de petróleo, em dezembro de 2012, o Estado era responsável por 70.602 barris de óleo equivalente ao dia. Ano a ano foi caindo, até chegar a 40.723 mil barris ao dia em dezembro de 2019. Neste mesmo mês, as empresas privadas começaram a atuar em solo potiguar. Agora, o RN vive com a retomada da exploração por essas empresas uma fase de expansão. A produção das operadoras independentes já cresceu 179,5% entre dezembro de 2019 e março de 2022. Passou de 7.305 boe/d para 20.424 boe/d. Os dados estão em boletins da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Impulsionado por essa curva de crescimento, o RN voltou a ser o maior produtor de petróleo em terra do Brasil, destaque que havia perdido quando a estatal iniciou a saída do Estado. Em abril, considerando independentes e a Petrobras, o RN registrou 29.178,91 barris/dia apenas de petróleo, de acordo com o Painel Dinâmico da ANP. Em seguida, aparecem Bahia e Amazonas. Já na produção nacional de óleo equivalente em terra, também considerando independentes e a Petrobras, o Estado é o segundo colocado, com 33.729,46 mil barris/dia. Hoje, as duas principais empresas independentes na Bacia Potiguar são a 3R Petroleum e a PetroReconcavo, que operam em campos maduros, aqueles que já produzem há muito tempo e estão num estado de maturidade produtiva.
“Com essa retomada dos campos, nós retomamos a produção. Para você ter uma ideia, Riacho da Forquilha, quando a Potiguar E&P assumiu o campo, produziu em torno de 3.500 barris por dia. Hoje, eles produzem quase 7 mil. Isso mostra que as duas empresas, E&P e 3R Petroleum, ampliaram a produção. A 3R ampliou em 70% e a Potiguar E&P, 78%. É esse crescimento de produção que fez a gente voltar a ser o maior produtor em terra”, analisa Gutemberg Dias, presidente da Redepetro.
Segundo Dias, “o desinvestimento da Petrobras na Bacia Potiguar tem a ver com o planejamento de sair das operações de terra, onde eles traçaram perspectiva de fazer todo o seu portfólio de investimento no pré-sal”, explica. “Quando a gente olha os números de produção de 2015 pra cá, tem uma queda bem acentuada que é exatamente quando a Petrobras deixa de fazer os investimentos maiores, que mantinha a produção em torno de 60 mil barris por dia”. A saída, porém, é criticada pelo diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindpetro-RN) e dirigente da Frente Única dos Petroleiros (FUP), Pedro Lucio Gois: “dentro desse período, nós tivemos muita perda de empregos e de produção em decorrência da tomada de decisão da saída da Petrobras”.
“Quando a Petrobras iniciou esse processo de desinvestimento, ela começou gradualmente a avisar ao mercado que ia colocar à venda seus ativos”, diz o dirigente da RedePetro. “Isso demorou muito tempo até se consolidar efetivamente. A primeira venda desse novo projeto de desenvolvimento aconteceu aqui no Rio Grande do Norte com o Riacho da Forquilha em 2019”, afirma Dias.
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