De acordo com Paola Francini, docente de medicina veterinária, nesses casos de pseudogestação, o animal apresenta sinais físicos e comportamentais semelhantes aos de uma gestação real, mesmo sem estar prenha.
A causa são alterações hormonais do ciclo reprodutivo das fêmeas não castradas. “Após o cio, as cadelas entram em uma fase chamada diestro, na qual os níveis de progesterona sobem e depois caem, estimulando a produção de prolactina — hormônio ligado à maternidade.”
PRINCIPAIS SINAIS.
Os tutores devem ficar bastante atentos, já que uma gravidez psicológica gera sintomas físicos e comportamentais muito claros nas cachorrinhas. A coordenadora de medicina veterinária da Faculdade Anhanguera menciona alguns deles:
Ingurgitamento mamário (enchimento excessivo e doloroso das mamas com leite, sangue e fluidos);
Produção variável de leite;
Aumento discreto de peso;
Alteração no apetite;
Construção de ninhos e proteção de objetos como se fossem filhotes;
Carência, inquietação ou irritabilidade.
O que o tutor deve fazer
A principal orientação da especialista é de não reforçar o comportamento maternal. “Isso significa evitar elogios, atenção excessiva ou incentivo ao cuidado com brinquedos. O ideal é manter a rotina normal de passeios, brincadeiras e alimentação, além de promover estímulos ambientais que distraiam a fêmea.”
“Também é importante observar as mamas: lambedura excessiva deve ser desencorajada, pois estimula ainda mais a produção de leite. Evite ordenhar ou apertar as mamas, pois isso também gera estímulos”, orienta.
Ela ainda indica, na maioria dos casos, retirar objetos ou brinquedos que a cadela possa adotar como filhote, pois desestimula o comportamento. No entanto, deve ser um processo gradual e tranquilo. Se feito de forma brusca, pode aumentar o estresse. “Ofereça outras distrações e atividades para redirecionar o foco dela.”
INTERVENÇÃO VETERINÁRIA .
Segundo Paola, a maioria dos quadros tende a regredir naturalmente em até três semanas. “Porém, é fundamental buscar um médico-veterinário sempre que houver produção excessiva de leite, sinais de mastite (como mamas quentes, doloridas ou avermelhadas), alterações comportamentais ou se os sinais clínicos persistem.”
A pseudociese em si não é uma condição grave, mas se não tratada pode predispor a cadela a complicações mais grave, como infecções nas mamas e no útero. Devido a isso, a profissional recomenda que, em qualquer alteração, o animal passe por avaliação do veterinário.
Certamente, surge a dúvida: como prevenir? A resposta é castração, que é a forma mais eficaz para que não aconteçam novos episódios. “Contudo, não deve ser realizada durante a condição, pois pode intensificar os sinais devido à alteração hormonal brusca. O ideal é cerca de dois meses após o cio, ou após a resolução da pseudociese”, aconselha.
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