A mulher de 42 anos que teve o primeiro caso confirmado de mucormicose, infecção fúngica conhecida como fungo preto, relacionado com a Covid-19 no Rio Grande do Norte, passou por cirurgia para retirada do fungo e tem quadro de saúde estável. Segundo a SESAP (Secretaria de Estado da Saúde Pública), o procedimento cirúrgico foi realizado na semana passada, no Hospital Universitário Onofre Lopes, em Natal.
A relação do fungo preto com a Covid-19 se tornou mais um motivo de preocupação para os órgãos de saúde durante a pandemia do novo coronavírus. Os casos ainda são poucos, mas estão se espalhando pelo Brasil.
A Infectologista e diretora corporativa de infectologia do Hapvida, Silvia Fonseca, explica que o fungo preto pode acometer pacientes com Covid-19 ou não, mas pacientes com o coronavírus são mais suscetíveis.
“A mucormicose é sempre grave e se acometer qualquer paciente, tendo ou não Covid-19, pode levar ao óbito. Porém, com coronavírus pacientes ficam suscetível à mucormicose”, explica.
A infectologia destaca que sendo o fungo preto uma doença rara, esta infecção afeta hoje um número reduzido de pessoas. Já no que diz respeito à Covid-19, a médica reforça a necessidade dos cuidados.
“O vírus que causa a Covid-19 está espalhado na comunidade e temos que continuar a usar máscaras, álcool gel, distanciamento social e tomar a vacina quando chegar a nossa vez”, pondera.
Sintomas e Tratamento
Silvia Fonseca explica que o fungo preto pode afetar diversas partes do corpo. Porém, os sintomas variam de acordo com o órgão atingido e elenca alguns deles.
“Os órgãos mais atingidos são o sistema nervoso central, os seios da face e os pulmões. Também podem atingir a pele, principalmente depois de traumas ou queimaduras, após desastres naturais como tsunamis e tornados. Se o fungo infecta a face causa dor, protusão do globo ocular, perda da visão, obstrução da respiração, febre e necrose. Se atingir os seios da face causa secreção nasal, febre e dor local. Se atingir o cérebro, causa vários sintomas neurológicos, convulsões, dor de cabeça incontrolável, alterações mentais e motoras. Se atingir os pulmões causa febre, tosse, dor no peito, dificuldade para respirar. Se atingir a pele causa úlceras (feridas) e a área afetada se torna negra, com dor local, aumento da temperatura local, vermelhidão e inchaço ao redor da úlcera”, explica.
Já o tratamento é feito com drogas antifúngicas que são aplicadas na veia por meses e com a retirada cirúrgica das partes afetadas.
Riscos e Cuidados
Silvia Fonseca lembra ainda que o risco para contrair o fungo preto é sempre das pessoas com imunidade muito afetada, como os transplantados, os diabéticos graves, as pessoas em tratamento de câncer. Pessoas que tomam corticoides em altas doses devem sempre seguir orientação médica e evitar automedicação.
Mais informações
A infectologista explica que estes fungos causadores da mucormicose vivem no meio ambiente. No solo, em matéria orgânica em decomposição e geralmente só causam doença nas pessoas que estão com sistema imune muito debilitado, por exemplo, por tratamentos contra o câncer, transplantados ou pessoas que têm diabetes muito descontrolada ou usam corticoides em altas doses ou por tempo prolongado.
As pessoas entram em contato com os fungos, através de inalação dos esporos (forma de resistência do fungo) ou através de ferimentos da pele. Silvia lembra também que a mucormicose é chamada de "fungo preto” porque invade os vasos sanguíneos, as regiões irrigadas pelos vasos afetados morrem e ficam pretas, daí a origem do nome. Com informações da SESAP.
Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).