Antiestresse, benéfica para mulher na menopausa e prevenção ao câncer de próstata - esses são alguns dos benefícios da acerola. A frutinha é a que ganhou o falso título de campeã de vitamina C, que, na verdade, pertence à camu-camu, que não é tão famosa.
A acerola está no Brasil desde a chegada de Dom João VI, mas, na época, era apenas mais uma planta no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Foi na década de 80 que uma campanha da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) em parceria com a Rede Globo fez o produto se popularizar no Brasil.
Hoje a acerola é plantada no país inteiro e o Brasil se tornou líder de produção mundial, com uma colheita de quase 70 mil toneladas anualmente, segundo dados do Censo Agropecuário 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na lavoura, a acerola se dá melhor com o clima quente, mas o rápido amadurecimento faz com que ela tenha apenas entre 2 e 3 dias úteis de qualidade para o consumo após a colheita, dificultando a comercialização in natura em longas distâncias.
Ganhando o Brasil.
Em 1955, a professora da UFRPE Maria Celene de Almeda viajou para a Costa Rica e conheceu a fruta. Muito interessada, ela trouxe algumas sementes, as quais usou para montar mudas e doar para amigos. Foi aí que a UFRPE começou a ter o seu pomar. Hoje, Maria Celene é considerada a mãe da acerola no Brasil.
A expansão da fruta, no fim das contas, aconteceu graças a um engano, diz Rosimar Santos, também professora da UFRPE e membro da equipe que divulgou a acerola no Brasil.
Ao fim da reportagem, a jornalista informou que a universidade doaria sementes para quem as quisesse, mas isto não estaria combinado, relata. Foi a partir daí que começou uma super-operação para cumprir o que foi dito.
“Não tínhamos estrutura para fazer uma divulgação fornecendo materiais”, afirma Rosimar.
A saída foi recorrer a doações. “A gente tinha um pomarzinho modesto na universidade, então vários produtores e ex-alunos entraram na roda para ajudar a fornecer mudas para o Brasil todo e a Rede Globo se encarregou em ajudar, deu uma contribuição para que nós postássemos essa semente e aí conseguimos”.
No ano seguinte ao programa, a campanha ainda a todo vapor, a acerola da UFRPE foi tema de uma das capas da edição piloto da revista Globo Rural e também foi revisitada na Globo pelo Fantástico.
Ao todo, o projeto recebeu 100 mil cartas pedindo sementes. Em resposta, os interessados receberam 10 unidades com um folheto explicando como cultivar a planta.
Para a professora, o sucesso da fruta se dá pela campanha e pela facilidade de manejo e possibilidades de produção. Além de doces e sucos, ela também pode ser consumida in natura e é matéria prima para a indústria farmacêutica, devido à sua riqueza em vitaminas.
“A acerola vem num momento de resgate da qualidade de vida dos anos 80 e aí caiu na hora certa, no momento certo e por isso um grande sucesso de público", relata a professora.
Rainha da vitamina C.
A acerola é a segunda fruta mais rica em vitamina C e ocupa o primeiro lugar quando considerada apenas as frutas mais populares. Além disso, ela tem diversos benefícios.
Um dos mais conhecidos é a proteção das células contra o ataque de radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce. Isso porque a vitamina C tem função antioxidante, ajudando a proteger a pele, explica a nutricionista Karin Honorato.
Sua relação com a mulher na menopausa é porque neste período existe um processo de envelhecimento acelerado e há alteração nos níveis de colesterol e a vitamina C consegue modular isso, diz Karin.
Também é nesta fase quando as mulheres têm um processo inflamatório baixo, portanto seu poder antioxidante é fundamental.
G1.
Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).