SAUDADES DE MOSSORÓ. CIDADE BULIÇOSA E AFOITA. Hoje amanhecí com vontade de ir a Mossoró. Um desejo de encontrar aquela cidade buliçosa e afoita, atrelada ao futuro sem perder sua vinculação com o passado.
Sempre ví em Mossoró, Lampião sendo combatido e novamente a abolição dos escravos sendo anunciada: o ontem caminha nas calçadas de Mossoró.
Somente em duas cidades do mundo se sente uma data residida nos glóbulos de sangue dos seus filhos. Em Paris 14 de julho é mais que uma festa. É uma atitude coletiva. Um abraço feito de euforia nacional. Mossoró é 30 de Setembro. A Queda da Bastilha dos que exploravam os negros.
Não importa nem o dia, nem a hora. Há sempre em Mossoró, um restaurante aberto para nos oferecer iguarias do Nordeste. Eu mesmo, milhares de vêzes experimentei em Mossoró, um sabor único. Em plena madrugada, ví sempre restaurantes cheios servindo panelada, buchada, cuscuz com carne moída, arroz de leite (um verdadeiro patrimônio mossoroense).
Eu chamo isso de fidelidade telúrica. Respeito ao que é substancialmente nosso. Coragem de ser oestano, norte riograndense e nordestino. Aliás, Mossoró se caracteriza por sua coragem. Ontem desafiando Lampião. Hoje vencendo o subdesenvolvimento.
Em Mossoró as areias são coloridas, e se chamam Tibau. Em Mossoró as vigílias políticas são feitas com um simples sinal de convocação (na realidade o verdadeiro carnaval de Mossoró). Em tudo Mossoró é e será sempre pioneira.
Se um dia me perguntarem qual seria a população de Mossoró, eu diria que sua população não é feita de números, mas de atitudes. Em Mossoró tudo é referencial. E sua principal referencia é a coragem. (Gilvan Rodrigues Leite. Gestor Público Aposentado. Areiabranquense de nascimento, Mossoroense de coração e Camarense por Adoção.)