15 de novembro de 1889 - O Brasil é declarado uma república pelo marechal Deodoro da Fonseca quando o imperador, Dom Pedro II, é deposto em um golpe militar.
A mais conhecida imagem da Proclamação da República é um quadro a óleo do pintor Henrique Bernardelli exposto hoje na biblioteca da Academia Militar das Agulhas Negras, situada no município de Resende, Rio de Janeiro. Reproduzida nos livros didáticos do ensino fundamental, essa é a versão oficial dos acontecimentos que passou para a história. Nela, o marechal Deodoro da Fonseca aparece sobre um fogoso cavalo baio que domina todo o primeiro plano. Com o braço direito esticado segura o quepe, a indicar um gesto de viva à República. O olhar fixo para o alto, a barba e o cabelo eriçados, o porte rijo e marcial, tudo indica ardor, energia e determinação. Ao fundo, relegadas ao segundo plano, aparecem diversas figuras de tamanho reduzido e tons escuros, meras coadjuvantes da cena principal dominada por Deodoro e seu cavalo. Só um especialista conseguiria discernir suas identidades. Ali estão, entre outros, o jornalista Quintino Bocaiúva e o professor e tenente-coronel Benjamin Constant Botelho de Magalhães. Dos dois, Benjamin é o mais injustiçado pelo plano relativamente obscuro a que o relegou Bernardelli. Ao contrário do que sugere o quadro, Benjamin não foi um personagem secundário na queda do Império. A rigor, deveria estar em primeiro plano, talvez com destaque ainda maior do que o dado ao marechal Deodoro. Foi ele o cérebro da revolução de 1889, “o catequista, o apóstolo, o evangelizador, o doutrinador, a cabeça pensante, o preceptor, o mestre, o ídolo da juventude militar”, na definição do historiador José Murilo de Carvalho. A Deodoro caberia um papel simbólico importante, o de catalisador das energias do meio militar. Sem ele, o golpe de 15 de novembro provavelmente teria fracassado. Era o único chefe das Forças Armadas com autoridade e legitimidade suficientes para se colocar à frente das tropas e confrontar o governo imperial. Sem a prévia ação doutrinadora de Benjamin, porém, é possível que Deodoro nem sequer tivesse tropas a comandar naquele dia. Por essa razão, o historiador Vicente Licínio Cardoso definiu a Proclamação da República como um caso único na História do Brasil — “o de uma revolução política dirigida por um professor de matemática”.
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