"O ato do Império do Brasil em abolir os últimos vestígios da Escravidão entre as Nações Cristãs, traz as mais calorosas congratulações da Republica dos Estados Unidos a essa nação que agora é a mais importante e próspera da América do Sul"
O Discurso do Presidente Americano Grover Cleveland ao congresso de Washington, parabenizando o Brasil pela Lei Áurea em 1888 refletia a visão positiva que os americanos tinham do movimento abolicionista no Brasil desde o início do Século XIX, pois no Império Sul Americano o Fim da Escravidão não se deu ao custo de uma devastadora Guerra Civil.
Quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, o ministro representante dos Estados Unidos no Rio de Janeiro era um veterano Confederado da Guerra Civil Americana, Thomas Jordan Jarvis
Jarvis ficou surpreso com a unanimidade da sociedade brasileira em aceitar a Abolição da Escravidão no dia 13 de Maio de 1888, tinha certeza de que a Princesa Isabel seria hostilizada pela população após assinar a Lei Aurea, de acordo com Jarvis: ”Embora esperava a rápida aprovação da lei Áurea pelo senado Brasileiro, não esperava a aceitação unânime de todos os setores da sociedade. A Princesa Imperial foi aclamada por todos com muita alegria. Na minha visão, o país está bem preparado para os efeitos da emancipação, que resultará na prosperidade geral da nação, que está pronta para aperfeiçoar suas indústrias".
Segundo o Historiador James McMurty Longo, a notícia da Lei Áurea no Brasil foi celebrada pela população de Washington e Nova Iorque com festas.
Um dos maiores admiradores do Movimento Abolicionista Brasileiro era o Líder intelectual e Político Afro Americano, Frederick Douglass.
Utilizando o exemplo do Brasil, Douglass questionou a "ciência" racial estadunidense que afirmava a inferioridade racial, bem como a impossibilidade de que raças distintas convivessem numa sociedade de forma harmônica e em igualdade de condições.
A crença na superioridade dos Estados Unidos como nação e o suposto atraso do Brasil monárquico, e católico também eram questionados por Douglass. O avanço das leis escravistas estadunidenses era confrontado pela cidadania concedida aos libertos brasileiros, manifestada no direito ao voto, no acesso a cargos públicos, inclusive no exército e no governo, e dentre outras coisas, na ausência de leis que impedissem o casamento inter-racial. Assim, Douglass projetava um cenário que caracterizava o Império brasileiro como local mais favorável para a população negra. Com a Lei Áurea, Douglass não teve dúvidas em afirmar que o Brasil era superior aos Estados Unidos com relação ao tratamento dado os Negros
Assim, fazendo uma comparação direta das sociedades brasileira e norte-americana e das relações raciais que operavam em ambas, ele escreveu: "Por que é que nós não ouvimos falar em projetos para se livrar de as pessoas de cor livres em Cuba ou no Brasil? Neste último país, o homem livre de cor não é sujeito à expatriação... Por que não deve existir a mesma facilidade aqui? O brasileiro branco é tão branco quanto o americano branco e o negro no Brasil é tão negro quanto o homem negro aqui. Qual é a diferença? Será que o protestantismo é menos tolerante às diferenças nacionais do que o catolicismo? São as repúblicas menos liberais do que as monarquias?" Fonte: O Brasil por Frederick Douglass: impressões sobre escravidão e relações raciais no Império. Por LUCIANA DA CRUZ BRITOI/ Brazilian Abolitionism, Its Historiography, and the Uses of Political History. JEFFREY D. NEEDELL.
Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).
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