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sábado, 15 de maio de 2021

O PRIMEIRO CAMINHÃO FABRICADO NO BRASIL. PROJETADO E CONSTRUÍDO POR UM ENGENHEIRO PORTUGUÊS MORADOR NO BAIRRO IMPERIAL DE SÃO CRISTOVÃO, RIO DE JANEIRO, EM 08 DE JANEIRO DE 1929.


Bandeirante, o 1º automóvel brasileiro. E não era aquele Toyota.

Nos anos 1920, o engenheiro José Augusto Prestes projetou e construiu um caminhão no Rio de Janeiro. Até o motor era 100% nacional.                        
Para a maioria, Bandeirante é apenas um jipe da Toyota. Mas, na remota década de 1920, foi feito artesanalmente outro Bandeirante, obra de um engenhoso imigrante português residente no Rio. E a imprensa da época apresentou o caminhãozinho como "O primeiro automóvel fabricado no Brasil"!

Reportagens nos jornais cariocas de 1929 contam que o veículo, apresentado no dia 8 de janeiro daquele ano, foi inteiramente construído nas instalações da A. Prestes & C. Ltd..

Tratava-se de uma fábrica de máquinas para beneficiamento de café, onde também se faziam peças de reposição para automóveis. Localizada na Rua São Cristóvão 430, a firma tinha oficinas para fundição  de ferro, aço, bronze e alumínio. Tal estrutura foi suficiente para criar um caminhão completo, com capacidade para 7 toneladas.

As partes de aço como chassi, rodas e até o motor (de 60hp) foram fabricadas ali mesmo, bem como todas as demais peças de bronze e alumínio. A construção foi dirigida pelo comendador José Augusto Prestes, personagem que bem merecia ter sua história transformada em livro.

José Augusto Prestes e jornal da época.                                                           
Nascido em uma família rica de Benfica, Portugal, Prestes estudou engenharia mecânica nos Estados Unidos. Em 1891, participou de um golpe mal sucedido para implantar a república em Portugal. Como o rei não caiu, o jeito foi vir para o Brasil.

No calor carioca, começou a estudar sobre frigoríficos e abriu a primeira fábrica de gelo no país (antes, o gelo vinha da Europa!). O versátil luso fez de tudo: tocou as obras do palácio do governo em Manaus, montou sua siderúrgica (Usina Santa Luzia), além de construir e administrar o Cassino Theatro Beira Mar, no Passeio Público, Centro do Rio.

Republicano, sofreu um atentado a bomba, de anarquistas. E, como presidente do Vasco, abriu as portas do clube aos jogadores negros, em 1924. Diante de tantas histórias, fazer o primeiro caminhão do Brasil (batizado de Bandeirante em homenagem a um club homônimo de pioneiros automobilistas) parece até simples.

O radiador do Bandeirante, vale dizer, tinha uma faixa preta na diagonal - seria uma referência à camisa do Vasco? No alto do colete havia um escudinho com as letras SL, de Santa Luzia. Abaixo do radiador, uma grande placa ostentava o nome da A. Prestes & C. Ltd.. 

Caminhão Bandeirante.                                                                                                   
Seus cilindros eram destacáveis do bloco, com 125mm de diâmetro e 140mm de curso (ou seja: 1.718cm³ cada um), mas infelizmente não encontramos maiores informações técnicas sobre o modelo - nem sequer quantos cilindros tinha.

Pelas notas da imprensa, sabe-se que o único exemplar do auto-caminhão (como se dizia na época) foi embarcado, no dia 20 de janeiro de 1929, para a Exposição Ibero-Americana de Sevilha. Fazendo as contas, apenas 12 dias se passaram entre o evento de apresentação do Bandeirante, no Rio, e seu envio para a Europa.

A mostra espanhola, que exibiu produtos dos países ibéricos e latino-americanos, ficou aberta por um ano - houve gente por lá que duvidou que o veículo era inteiramente fabricado no Brasil.

O primeiro automóvel fabricado no Brasil.                                                                                                                                  
Passado o entusiasmo inicial, os jornais nada mais publicaram sobre o destino do pioneiro Bandeirante. Assim, há boa chance de que tenha se tornando, também, o primeiro automóvel brasileiro vendido no exterior.                                                                  Fonte:- Domínio Público.                                                                                                 
Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).

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