Faltam poucos dias para as Eleições 2020, quando sufragaremos os nomes dos novos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Da mesma forma de antes, o Coronelismo continua firme e forte, mas disfarçado, travestidos em "bons moços e os chamados líderes partidários ".
Durante a chamada República Velha (1889-1930) ocorreram diversas formas de abusos das elites nacionais para com a população, sendo uma delas conhecida como coronelismo.
Ao optar pelo Republicanismo como regime do governo, as elites brasileiras apenas implementaram de fato parte desse regime, eliminando sistematicamente a participação popular nas decisões políticas.
Através de conluios entre seus pares, que garantiam as vitórias durantes as eleições marcadas pela corrupção, a esmagadora parte de nossos políticos acabava sendo formada por homens vinculados ao comércio de café, principal produto brasileiro da virada o século XIX para o XX. Comandado pelas oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, o poder central, assim, era revezado entre esses dois estados, através da política do café-com-leite e da política dos governadores.
Para que a alternância de poder obtivesse êxito, as elites fraudavam todo o processo eleitoral, no qual os órgãos de fiscalização simplesmente não funcionavam. São famosas as eleições que possuíam mais votos que votantes, como, por exemplo, votos repetidos de uma mesma pessoa; falecidos que apareciam nas listas de votação; e, talvez o mais famoso de todos, o voto de cabresto.
Cabresto é o nome de um acessório, geralmente de couro, que serve tanto para amarrar quanto para controlar os rumos que um cavalo segue. Sua referência foi utilizada para a prática que consistia na indicação, pelos coronéis, de como deveria ser direcionados os votos de cada região; assim, um homem de posses de certo lugar indicava o nome do candidato (muitas vezes ele mesmo) aos moradores para que estes comparecessem nos locais de votação e seguissem com o “acordado”. Nos casos mais brandos dessa forma de coação havia a promessa de algum tipo de ajuda financeira ou até mesmo de cargos públicos para os eleitores e suas famílias; já nos mais graves, ocorria a agressão física e até mesmo ameaças de morte à aqueles que se opunham.
A figura central em todo esse processo era o coronel, homem mais importante de determinada região que a controlava econômica, política, jurídica e socialmente, transformando-a em seu “curral”, como se dizia à época. Dado ao fato de que o Brasil não possuía estrutura burocrática para o tamanho do país, os coronéis poderiam fazer o que bem entendessem em suas respectivas regiões tendo apenas que seguir as ordens que viessem do governo federal.
Contudo, no início do século XX, o coronelismo começou a dar sinais de que estava com os dias contados. O Brasil passava por um lento, porém constante, processo de urbanização e industrialização que apenas acabaria com a ascensão de Getúlio Vargas com poder em 1930. Com o desenvolvimento das cidades e das fábricas sugiram também os trabalhadores desta, ou seja, o operariado, uma nova classe social que reconfiguraria para sempre a dinâmica social brasileira.
Com o advento das cidades industrializadas, nascedouro do modelo de cidade tal qual conhecemos atualmente, o poder dos coronéis passou a se enfraquecer e a ficar circunscrito ao meio rural, e o poder econômico passava a residir nas mãos dos empresários, o que, anos mais tarde, desmantelaria o poder do coronelismo.
Ainda sim devemos ter em mente alguns pontos. Se, por um lado, pode-se afirmar que o coronelismo deixou de existir, por outro, a prática de coerção eleitoral ainda é comum em lugares mais afastados das grandes capitais e mesmo nas periferias. Outro ponto importante que ainda persiste é troca de favores políticos,que se tornou comum para a classe política e aqueles que a cercam, como se esta fosse uma forma natural de se fazer política no Brasil. Isso acarreta diversas mazelas para o país, no qual a política encontra-se corrompida pela corrupção e pelo descaso para com o que é de todos, ou seja, para o que se configura com um bem público.
Coronelismo
O coronelismo é uma forma de poder político que ocorre principalmente no meio rural do Brasil. A palavra, surgida no século XIX, vem do título de coronel, que nos meados do mesmo século era dado para pessoas influentes que exerciam esse posto na Guarda Nacional.
Porém, a patente de coronel aos poucos deixou de ser usada somente para pessoas ligadas ao serviço militar e começou a designar aqueles com poder político em determinadas regiões.
Depois, a palavra passou a indicar proprietários de terras com poderes paramilitares. Muitas vezes, nem eram fazendeiros, mas sempre eram pessoas com prestígio político. O coronel típico assemelhava-se muito ao senhor de engenho da época do Brasil colonial.
Nas duas primeiras décadas do século XX, o coronelismo atingiu seu ápice. Havia, inclusive, hierarquia entre coronéis, um tendo poder sobre outro. As pessoas se diziam “gente” de um ou outro coronel e eram protegidas por eles. Em troca, “pagavam” com lealdade e votos. Os coronéis exigiam de seus “protegidos” votos para o governo, que em troca cedia cargos públicos.
A parentela é a origem do coronelismo. Designa-se por um grupo grande de pessoas ligadas por laços de parentesco, o que garantia a preservação de riquezas por meio de heranças e comércio.
Essa forma de poder começou a decair por volta de 1930, mas ainda persiste em algumas regiões do país, inclusive aquí nas nossas cidades.
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