Em 26 de julho de 1930, João Pessoa era assassinado por João Dantas dentro da confeitaria Glória, no Centro do Recife.
A época estava marcada pela derrota de Getúlio à presidência do país, que contava com Pessoa como seu vice. Quem ganhou a eleição foi Júlio Prestes.
O assassinato de João Pessoa não foi o único episódio usado como motivo para a revolta; a acusação de fraude nas eleições e a crise econômica também entraram para a somatória dos fatos que fizeram com que Washington Luís fosse destituído, Júlio Prestes não assumisse o cargo de presidente da república e Getúlio Vargas se tornasse o mais novo chefe da nação.
Juntando fatores políticos, morais e, sim, passionais, o assassinato se tornou um dos episódios mais importantes da história brasileira.
Na época, as mudanças propostas pelo governador da Paraíba, João Pessoa, modernas para a época, estavam incomodando as oligarquias paraibanas.
A mudança na chefia de alguns cargos públicos mexeu com o poder de muitas famílias importantes do estado, inclusive a Dantas.
O nome não é desconhecido: João Dantas, advogado, ficaria conhecido por assassinar o então governador pouco tempo depois.
O duelo entre Dantas e Pessoa ficaria explícito a partir da atuação de ambos, respectivamente, no Jornal do Commércio de Recife e no jornal A União, do governo da Paraíba.
Em dado momento, aconteceu uma invasão ao escritório de João Dantas e documentos obtidos por meio desse arrombamento foram publicados pelo periódico A União.
Além disso, foi publicada uma correspondência íntima de Dantas e a professora Anayde Beiriz, sua namorada. O caso se tornou um escândalo, já que expor a vida íntima era extremamente mal visto.
Com a carta divulgada dois dias antes do crime, o assassinato foi visto sob a ótica passional. No entanto, é possível dizer que os motivos também foram políticos.
Após o assassinato, rapidamente, grupos ligados a Vargas começaram a espalhar notícias de que a morte fora encabeçada pelo presidente Washington Luiz. Assim, Vargas depôs Washington Luíz, acusado pela morte de Pessoa, em outubro, na chamada Revolução de 1930. Júlio Prestes, então presidente do estado de São Paulo nem chegou tomar posse em virtude do golpe e foi exilado.
Pessoa foi assassinado e se tornou um símbolo tanto para o estado o qual governou quanto para o país. Seria difícil para Getúlio Vargas assumir as rédeas do Brasil se isso não tivesse acontecido, gerando uma comoção que foi capaz de mudar os rumos políticos da nação.
CURIOSIDADES
João Pessoa era sobrinho do ex-presidente do Brasil Epitácio Pessoa.
Poucos meses depois da morte de seu presidente (nome dado ao cargo de governador à época), a Paraíba passava a chamar sua capital de João Pessoa. Este morreu em julho de 1930 e em setembro do mesmo ano seu nome foi dado à capital do estado.
O fato de transformar a cidade de Parahyba em João Pessoa não foi uma determinação política mas uma manifestação da população. Diversas passeatas e manifestações foram feitas pela população pedindo a mudança do nome.
Não é só a cidade mas também a bandeira do estado homenageia João pessoa. Sua bandeira é vermelha e preta, com o vermelho representando a cor da Aliança Liberal - união de opositores à candidatura de Júlio Prestes à presidência da República criada em 1929 - e o preto, luto em homenagem ao ex-governador do Estado, João Pessoa. A palavra "Nego" é derivação do verbo negar homenagem a João Pessoa, que não aceitou o sucessor indicado pelo presidente do Brasil à época, Washington Luís. Era a época da política do Café com Leite, que revezava o presidente entre os Estados de Minas Gerais e São Paulo. História do Brasil.
Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).