A queda na qualidade de vida dos potiguares nos últimos anos foi maior do que a média da diminuição do restante do país. O resultado se refere ao índice de perda de qualidade de vida, IPQV, divulgada pela Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE 2017-2018
Os resultados são representados por um número entre 0 e 1, com números mais próximos de 1 indicando que a pessoa ou a família sofreu maior perda de qualidade de vida. Enquanto o Brasil registrou o valor de 0,158, o índice potiguar foi de 0,205. Essa diferença em relação à média foi seguida pelos demais estados nordestinos, com o melhor desempenho em Sergipe (0,187) e o pior no Maranhão (0,260). Este último teve o pior índice geral entre as unidades da federação, enquanto a menor perda de qualidade de vida foi observada em Santa Catarina (0,100).
Essas perdas ocorrem porque as famílias têm dificuldades em transformar integralmente todos os seus recursos em qualidade de vida, gerando privações para acessar condições mais confortáveis e dignas no que diz respeito à moradia, serviços públicos, alimentação e saúde, posse de bens duráveis e acesso a serviços financeiros, lazer e transporte.
A pesquisa também traz os resultados do Índice de Desempenho Socioeconômico (IDS), que foi baseado na renda familiar per capta descontada do Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV). O progresso econômico está associado à renda disponível, que representa os valores com os quais as famílias contam no dia a dia. De forma que o desempenho econômico de um estado será superior quanto maior for a renda das famílias e menor for a perda de qualidade de vida delas.
As famílias no Rio Grande do Norte apresentaram, no período de 2017 a 2018, 964 reais no IDS, o que resultou numa diminuição de 20% da renda disponível dos potiguares e provocou perda na qualidade de vida medida. Ou seja, é como se os fatores de perda de qualidade refletissem na renda, evidenciando a força das carências observadas.
Na região Nordeste, o RN ficou atrás apenas de Sergipe e Bahia que contaram respectivamente com 1.118 e 976 reais. Apesar disso, todos os estados nordestinos ficaram abaixo da média nacional (1.410 reais). O Maranhão teve o maior comprometimento familiar per capta do país, deixando o valor de 555 reais após as perdas de qualidade de vida.
Famílias no RN.
Os fatores que mais influenciam o desenvolvimento socioeconômico das pessoas no Rio Grande do Norte são educação e acesso a serviços financeiros e padrão de vida, com uma parcela de 19% cada. O aspecto de menor influência ficou por conta de transporte e lazer, 13,6%. Neste último quesito, o RN registrou o terceiro maior percentual entre todos os estados, atrás de Alagoas (11,8%) e Ceará (13,4%).
Moradia, acesso a serviços públicos, saúde e alimentação registraram, cada um, valores próximos de 16%, evidenciando que pesam de maneira intermediária e similar no desenvolvimento das famílias potiguares. No entanto, na dimensão saúde o RN atinge a terceira menor importância em comparação aos entes federativos, atrás apenas do Distrito Federal e do Rio Grande do Sul.
Nesta pesquisa, moradia abrange indicadores sobre a estrutura do domicílio, vizinhança e condições ambientais. Os serviços de utilidade pública abrangem eletricidade, esgotamento sanitário, água e coleta de lixo. A saúde e alimentação abrangem insegurança alimentar, acesso aos serviços de saúde e medicamentos assim como a avaliação da saúde e alimentação. A educação abrange a frequência e o atraso escolar assim como a avaliação da educação.
O acesso aos serviços financeiros e padrão de vida abrangem a posse de bens duráveis, conta em banco, assim como a dificuldade de pagar as contas. O lazer e transporte abrangem o equilíbrio no uso do tempo em atividades do dia a dia como o transporte para o trabalho, as jornadas de trabalho assim como a avaliação do transporte e do lazer (GRUPO CIDADÃO 190). Compartilhe.
Gilvan Rodrigues Leite (Gestor Público e Ambiental Aposentado).